Por Carlos Monteiro
Me perdoe poeta, sei que é uma
“infâmia”, de minha parte, contradizer sua licença poética, porém, nas Gerais
há cada vez mais.
Minas
há em mim. Sempre me senti um tanto ‘mineiroca’, desde os meus tenros anos de
vida quando, ainda com meses, passei, obviamente junto com meus pais, as férias
de verão em São Lourenço e lá fui clicado próximo aos patos, do imenso – a mim
parecia o oceano – lago de águas cristalinas. Foram mais duas visitas à cidade.
Naquela altura, já mais crescido. Foi por lá que tive minha primeira
experiência com uma Benzedeira. Fui curado em poucos dias de uma ‘bicheira’ que
me atormentava, fazia meses, o joelho. Aquela incrível mulher, cujo nome
infelizmente não sei, me sarou usando três instrumentos: sua poderosa reza, um
galhinho de arruda e uma caneta. Traçou, na parte afetada, uma espécie de
montanha ponteada por estrelas e um trenzinho reluzente; era azul, a janela
lateral do trem azul.
Muitas
têm sido minhas viagens pelas montanhas mineiras, talvez precisasse pedir emprestado
o ‘Manoel Audaz’, misto de Rosa cordisburguense com Rover em tons de girassóis amarelados,
talvez o tom de cabelos ao vento, ao inesquecível Brant, para encontrar todos
os clubes que ponteiam as esquinas das Gerais, subir as ladeiras de Santa
Teresa, encontrar os ramalhetes nos campos entremeados por ‘ouro verde’.
Cada
uma delas têm especial significado. A Maria Fumaça, o caleidoscópio de Inhotim,
a Lapinha, Samuel Rosa do agreste, Guimarães flor de Juquinha, a proteção do
Padre Eustáquio e das seculares igrejas que encimam seus 853 municípios. Das
tantas páginas poéticas, árvores que brotam, cada dia mais, na realizações
sonhadas. Da “Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário do Bairro Alto dos
Pinheiros” sobre o Congado, da Vera Godoi, do queijo da Canastra, que todos já
sabiam se o ‘melhor do mundo’. Faltava o atestado; agora não falta mais! Da
Inconfidência confidente, da FLITI em Tiradentes, enfim do amor geral que as
Gerais geraram em mim.
Além de um
quê de poesia, todo mineiro carrega em si uma espécie de benzedor, algo para
além de especial, muito além de sua crença, não importa qual seja. Todo mineiro
te dá uma bênção na despedida, muito mais que um simples até logo ou um adeus;
com seu delicioso jeito carinhoso de ser, de juntar palavras, de apocopar
formas, você sempre ouvirá um extraordinário “com’Deus”!
Sou cidadão
do mundo, o coração do mundo é Minas.
Texto e Fotos Carlos Monteiro
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