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Especialista fala sobre o futuro da Telemedicina

O médico Carlos Lopes fala para o portal sobre a importância e o crescimento da telemedicina no Brasil e a mudança de paradigma com relação a telessaúde em tempos de pandemia.

*O que a pandemia trouxe de inovação para a área da telemedicina? 

Carlos Lopes: Acredito que a grande inovação não foi tecnológica, porque a tecnologia de teleatendimento, vídeo conferência e chat já existe há bastante tempo. A grande mudança foi na regulamentação, uma vez que a pandemia, literalmente, tirou da gaveta a regulamentação da telemedicina que estava adormecida por mais de 16 anos e em menos de 40 dias já tivemos uma lei tratando do assunto. Um outro aspecto é que tanto médicos como pacientes passaram a ver que é possível o atendimento a distância.

*O que temos hoje no mercado como inovação para atendimento, agilidade e ferramentas inovadoras na área da telessaúde?

Carlos Lopes: A telessaúde ficou muito em evidência desde abril de 2020, mas em relação à inovação, tecnologias disruptivas não tivemos nenhum grande salto. Vejo que tivemos uma grande mudança de paradigma com a necessidade, quase que obrigatória, de atender a distância. Tanto médicos como pacientes viram que era uma realidade possível. E um aspecto teve adoção muito significativa, que foi a área de receitas médicas, declarações e atestados sendo emitidos de forma 100% digital, assinados digitalmente. Isso efetivamente trouxe uma agilidade, redução de custos e principalmente sustentabilidade uma vez que se imprime cada vez menos.

 *Na sua opinião a telessaúde veio pra ficar? Quais os pontos positivos desse tipo de atendimento e o que ele vem trazendo de novo para os pacientes?

Carlos Lopes: Com certeza. Talvez atendimentos de primeira vez, uma primeira consulta, o teleatendimento ainda deixe a desejar. O não ver fisicamente o paciente, em várias especialidades faz muita falta. Mas para acompanhamento, consultas de retorno, onde muitas vezes é um ajuste de dose ou olhar resultados de exames, esse tipo de consulta pode ir 100% para a telemedicina, sem perda de qualidade. E ainda trazendo comodidade para o paciente - nas grandes cidades por exemplo, quanto tempo o paciente não perde em deslocamento, espera para ser atendido para muitas vezes passar 15/20 minutos com o médico? A telemedicina resolve muito bem este tipo de questão.No âmbito de saúde pública também há enorme potencial - a teleinterconsulta, onde um médico especialista troca experiência com outro médico sobre um paciente, pode permitir o acesso a especialistas mesmo em lugares mais distantes e com menos recursos do país.

*Quais os benefícios que a telemedicina vem trazendo para os pacientes e médicos nesse momento de pandemia e que ainda poderá trazer em um futuro próximo?

Carlos Lopes: Acredito que o grande benefício atual é tempo. Tanto médico quanto pacientes tem agora uma forma regulamentada e eficiente de atendimento, para grande parte das demandas clínicas pelo menos. Acredito que para o futuro os dispositivos com iOT (internet of things) pode aumentar ainda mais a eficiência da consulta a distância, como possibilidade de monitorar sinais vitais (batimentos cardíacos, pressão arterial, glicose sanguínea) até eletrocardiograma e exames de sangue, saliva e urina. Tudo remotamente. A inteligência artificial também é uma tendência. Acredito que processos de triagem e atendimento totalmente automáticos através de bots com inteligência artificial possam ser uma realidade em futuro próximo.

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