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O dia em que Lacerda chorou

No livro de memórias  que começou a organizar desde o início da pandemia, o empresário e  ex-deputado Mauro Magalhães, líder da UDN no governo de Carlos Lacerda, lembra do dia em que Carlos Lacerda chorou. " Um dos maiores sonhos de Lacerda, além de ser presidente nas eleições de 1965 (que não aconteceram, pois o mandato de Castelo Branco foi prorrogado, com o apoio dos políticos e dos militares que derrubaram João Goulart, em 1964), foi o de estar na inauguração das obras do Rio Guandu, que ele começou e idealizou para que o povo carioca tivesse água nas torneiras. As obras resultaram em  43 quilômetros escavados na pedra para trazer água para o Rio. Havia, inclusive, uma música sobre isso. Que dizia que de dia falta água e de noite falta luz. Com a adutora, a situação melhorou muito "-  contou  Mauro

Depois  da eleição de Negrão de Lima, em 1965, candidato de oposição ao governo de Lacerda e ao regime militar, e da derrota de  Flexa Ribeiro, apoiado pela UDN, o sonho de estar na inauguração da adutora do Guandu desabou. 
"Lacerda foi para Nova Iorque, com o empresário Antonio Carlos de Almeida Braga, que morreu recentemente, em Portugal.  Eram muito amigos. Eu precisava conversar com Lacerda e viajei para encontrá-lo nos EUA.  O diretor do Departamento de Águas (atual Cedae) era o Veiga Brito, que depois se tornou deputado. Negrão de Lima tinha conservado Veiga Brito no cargo. Veiga Brito escreveu uma carta ao Lacerda e pediu que eu entregasse. Quando eu entreguei a carta , Lacerda chorou.  Ficou triste por não ter podido assistir à inauguração da adutora do Guandu. Um ano depois, quando percebeu que os militares não iriam restabelecer as eleições diretas, ele também ficou muito triste. E, começou a articular a Frente Ampla, com a participação de JK e de Jango "- concluiu o ex-deputado.
 
Foto: Mauro Magalhães, com Carlos Lacerda  e Veiga Brito, nas obras do  Guandu.

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