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‘Coreógrafa e Bailarina Angel Vianna recebe homenagem no Rio de Janeiro’


   
A dança está nela. A dança é ela. É o ar que ela respira há mais de cinquenta anos. De Belo Horizonte, onde nasceu, conquistou o mundo com sua habilidade, dedicação e técnica. Dona de um raro talento e carisma, a coreógrafa e bailarina Angel Vianna chega aos noventa anos digna de aplausos e recebe homenagens por onde passa.

    Para comemorar a data, sua trajetória está em exposição na ‘Ocupação Angel Vianna’ que acontece no Paço Imperial no Rio de Janeiro. Um lugar especial que acolhe de maneira muito poética, interessante e cheia de significado a carreira e a vida desta mulher e profissional que traz ao Brasil um enorme orgulho.

    Muito jovem sempre atenta e curiosa, sentiu vontade de conhecer os movimentos do corpo. Desde então, nunca mais parou.  Sua formação é clássica, estreando no ballet de Minas Gerais tendo como primeiro mestre Carlos Leite. Além do ballet seu interesse buscou outros olhares, sem, no entanto, deixar a paixão pela dança.  Estudou piano, desenho e escultura na Escola de Belas Artes. Virou escultora e as técnicas que aprendera aperfeiçoaram sua particular forma de dançar e posteriormente ensinar. Casou-se com klauss Vianna, também bailarino e coreógrafo. Deu saltos mais ousados ao seu lado, e com ele desenvolveu suas pesquisas sobre corpo e movimento. Juntos levaram para a dança o conhecimento científico do corpo. Tiveram um único filho Rainer Vianna (1958-1995), que também se dedicou a dança.

    Nascida em Belo Horizonte, criou a Escola Klauss Vianna nesta cidade, que permaneceu em atividade entre 1959 e 1963, local em que diversificou suas funções na companhia: deu aulas, dançou, coreografou, executou tarefas administrativas e criou figurinos, destacando-se como solista na obra ‘Neblina de Ouro’ de seu marido coreógrafo. Depois dessa experiência seguiu para Curitiba e participou do I Encontro de Escolas de Dança do Brasil, organizado por Paschoal Carlos Magno. De lá seguiram para uma temporada em Salvador, onde foram muito atuantes, especialmente ministrando aulas na pioneira Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, onde também foi bailarina no Grupo Juventude Dança, dirigido por Rolf Gelewski, ligado à mesma instituição de ensino.

    Inquieta e sempre na busca de conhecimentos e desafios, Angel Vianna, decide vir e se estabelecer no Rio de Janeiro. Aqui criou raízes e discípulos. Em 1975, fundou o Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação, que oferecia cursos livres e foi o berço da ‘expressão corporal’ da época.

    Seu nome também está escrito no teatro. Convidada pelo diretor Luiz Carlos Maciel assinou a coreografia da peça ‘As Relações Naturais’ baseada em texto escrito por Qorpo Santo datada de 1866. Seguiu descobrindo e criando métodos até então desconhecidos. Organizou os grupos; ‘Brincadeiras’ em 1975 e o ‘Teatro do Movimento’ entre 1976 e 1978, precursores da dança contemporânea do Rio de Janeiro. Em sete décadas de pesquisa, Angel levou seus alunos a descobrir e utilizar como metodologia de estudo: bolas de tênis, meias-calças, bambus, bancos de madeira e plástico, escovas, tecidos, ossos, balões de ar e inúmeros outros que eram trazidos para suas aulas. Elementos do cotidiano faziam a interface do corpo com o espaço e o tempo, servindo de aproximação ao corpo do outro. Um trabalho detalhista, individualizado, para tornar melhor e mais apropriado o coletivo.

     O ano era 1983 inicia-se outro desafio.  Cria o Centro de Estudos do Movimento e artes – Espaço Novo, posteriormente rebatizado de Escola Angel Vianna. Por lá passaram artistas e terapeutas corporais que trouxeram a dança contemporânea para outros palcos: a área da saúde, como nos hospitais da rede Sarah Kubitschek. 

    Deixa também sua marca como diretora em espetáculos como: ‘O que Eu Mais Gosto é de Gente’ e ‘Os Ossos Pensam’, nos quais coreografa e dança em apresentações coreografadas por outros artistas. Como bailarina sua atuação ainda pode ser apreciada nos filmes Em Três Atos (2015), Figuras da Dança – Angel Vianna (2010) e Movimentos do Invisível (2018).

    Reconhecer tantos fazeres e o indescritível talento de Angel Vianna é quase uma obrigação. Mais que nunca é preciso reverenciar quem traz no coração e na alma a arte e a técnica, especialmente ressaltando as cores de seu país, e o fazendo reconhecido. Angel faz com excelência, talento, competência, esforço, dignidade e generosidade essa história. Ela é, sem dúvida, um divisor de águas na dança brasileira.

Por Rogéria Gomes



SERVIÇO

Ocupação Angel Vianna
De 9 de maio (quinta-feira) a 14 de julho (domingo)
Visitação: De terça-feira a domingo, das 12h às 19h.
Classificação indicativa Livre
Piso Térreo
Entrada gratuita
Acesso para pessoas com deficiência / Ar condicionado

Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48
Fones: 21. 2215-2093





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