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Entrevista com o grupo Dá o Tom

11 anos de vida, 16 integrantes e o primeiro CD.  Estes números representam o trabalho do grupo vocal Dá o Tom, que lança o CD Dá o Tom, muito elogiado  por Roberto Menescal e Rodrigo Maranhão. Conquistas que ratificam o esforço do grupo que em outubro apresenta temporada no Teatro Leblon, no Rio de Janeiro, nos dias  20, 21, 27 e 28. Em entrevista o arranjador e diretor musical do grupo, Dalton Coelho, conta um pouco do grupo e o CD.





Blog - O Dá o Tom tem 11 anos de estrada. O que mudou no grupo do início até hoje?

Dalton Coelho - Além de alguns integrantes que chegaram e outros que saíram, muitas outras coisas! O grupo evoluiu bastante no aspecto vocal, assim como na qualidade dos arranjos. Mas talvez o ponto da maior relevância foi o crescimento cênico. Quando decidimos contratar profissional das artes cênicas, para nos auxiliar na montagem das "cenas" de cada música, o show ficou muito mais dinâmico e passou a prender muito mais a atenção da plateia. É muito comum ouvirmos depoimento ao fim de espetáculos do tipo "vocês passam uma energia muito boa..." "a movimentação do grupo é cativante" "vocês formam um coro bem diferente em relação aos tradicionais...", essas coisas.



Blog - Como foi a gravação do CD?

Dalton Coelho - Bem trabalhoso, porém bem gratificante. Escolha criteriosa do engenheiro de áudio, estúdios, músicos convidados foram fundamentais para o bom funcionamento do processo. Didier Fernan (o engenheiro escolhido) foi de suma importância. Uma grande diferença e novidade  foi gravar todos os cantores em tracks separados. Ou seja, tínhamos pelo menos 20 canais para mixarmos e editarmos só de vocais, os dos cantores mais os microfones de ambiência - Tudo funcionou perfeitamente neste aspecto e ganhamos bastante no resultado final. Foram mais de 100 horas de estúdio - gravação de todos os vocais, instrumentos, solos, etc.  Fora outras boas horas de mixagem, edições, masterização e farras, claro... 
Da pré-produção à chegada dos cds da fábrica foram uns 10 meses de trabalho.



Blog - Como foi a participação do percussionista/baterista Robertinho Silva?

Dalton Coelho - Robertinho gravou 8 faixas em um único dia. Uma grande correria. Ainda não consigo entender como ainda foi possível ouvir tantas histórias de bastidores da MPB, cada uma mais interessante do que a outra - pena não tê-las gravado como recordação. No aspecto musical, Robertinho dispensa comentários. Sua bagagem musical é enorme, assim como o seu repertório de timbres, levadas e idéias.  Ele recebeu previamente as músicas pré-produzidas o que facilitou bastante o trabalho do dia, pois ele já chegava com ideias de instrumentos (e suas combinações) e seus arranjos.



Blog - Como está sendo a repercussão do novo show e do CD?

Dalton Coelho - O feedback do público é muito favorável. O público se surpreende, pois infelizmente a música vocal tem perdido espaço e quem compra o Cd ou vai ao show não sabe exatamente do que se trata. Muitos, mesmo nos dias atuais, associam a música coral à imagem de um grupo de cantores estáticos, trajando uniformes ou batas, emitindo sonoridade lírica, distante da música popular e não só o Dá o Tom, mas muitos outros grupos já apresentam espetáculos distantes deste vocabulário.



Blog - Como foi a escolha do repertório?

Dalton Coelho - O repertório é reflexo da nossa história. O show tem músicas de todas as fases do grupo e como já cantamos um repertório bem vasto, ficam as que melhor criam um roteiro interessante, além de serem, obviamente, as que acredito possuírem os melhores arranjos e a melhor execução. Uma coisa que eu, como diretor musical tento valorizar bastante são os contrastes - pra mim, uma grande estratégia para prender a atenção do espectador. Posso colocar em sequência uma canção lenta e bem densa e em sequencia um samba dançante – isso não cansa!



Blog - O Dá o Tom é conhecido como um grupo que trabalha o palco de uma forma diferente, com movimentação e interpretação. Esse diferencial foi ideia do grupo? Quem tem as ideias para a movimentação?



Dalton Coelho - Hoje, duas pessoas são fundamentais neste quesito. Joana Lebreiro, uma competentíssima diretora teatral que nos ensina muito sobre  a importância de absorvermos e transmitirmos as emoções contidas nas letras das canções antes de mais nada! Ou seja, não nos movimentamos em troco de nada. São movimentos que se somam a um sentido maior que é o texto. Já Fernanda Milfont auxilia (até mesmo cria) na parte coreográfica propriamente dita. Sua vasta experiência como professora de dança traz muita segurança ao grupo e sua movimentação.





Blog - Teve algum grupo vocal que foi referência para este estilo de coro cênico?

Dalton Coelho - Garganta Profunda, Cobra Coral, Equale, São Vicente a Capella, Dá no Coro entre outros...



Blog - Como é trabalhar com um grupo de 16 pessoas por tanto tempo ?

Dalton Coelho - Excelente oportunidade de crecimento profissional e humano acima de tudo. É um caldeirão de emoções, conflitos, alegrias, tristezas, decepções, gratificações onde prevalece a uniao dos integrantes e a vontade de ver o outro feliz e em harmonia com o grupo!



Blog - O grupo pensa em um segundo CD?

Dalton Coelho - Claro, ou quem sabe... DVD?



Blog - Qual o conselho que o Dá o Tom pode dar para aqueles que querem iniciar um grupo vocal?

Dalton Coelho - Sempre que possível, buscar ajuda de profissionais da área: regentes, professores de canto, arranjadores, profissionais das artes cênicas... E sempre buscar referências - assistir espetáculos, ouvir cds, dvds, ler sobre o assunto. Há uma infinidade de vídeos no youtube dos mais diversos grupos do mundo inteiro - um mundo de ideias na sua frente!



Blog - Qual é a música que mais toca o público durante o espetáculo?

Dalton Coelho - Destacam-se, Bicho de Sete Cabeças, provavelmente pela força poética do texto, pela construção do arranjo e por ser a Capella.  Nela mostramos a importância da harmonia vocal no desenvolvimento do espetáculo. A Casa, outra música a capella, tem como ponto forte  a interação com a platéia - como é gostoso ouvir a soma das vozes Dá o Tom + Público! Das mais animadas, talvez Feijoada Completa, um samba clássico de Chico Buarque e Baioque, outra do Chico.

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