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Homenagem a Chico


Abrimos a coluna hoje com uma simples, mas verdadeira homenagem ao grande mestre Chico Anysio.


Não sei se minha geração foi mais ou menos feliz que a de hoje, mas vivíamos em um mundo menos voraz, com muito menos recursos tecnológicos é verdade, em contrapartida tínhamos mais verdade e inocência em tudo. Tínhamos na televisão – um dos principais portais de entretenimento e lá conhecemos Chico Anysio Show, que  nos encantava, nos divertia, nos mostrava com uma crítica sutil e inteligente as mazelas que já corroíam nossa sociedade. Era um tempo com menos rótulo de pode, não pode, certo e errado, processo e não processo.  E nesse cenário nos divertíamos muito sem o apelo erótico e muitas vezes ofensivo como vemos hoje. Só que o tempo passou, o mundo mudou, a televisão e nós mudamos,  e hoje o maior mestre do humor que esse país já conheceu  simplesmente desmontou seu cenário, reuniu seus personagens e partiu. Enquanto isso há alguns quilômetros daqui, numa estrela cercada por nuvens e outras estrelas  também habitadas acontecia  uma enorme agitação, um movimento grande como se uma festa ou um grande evento fosse começar. Até que desembarcou vindo do movimentado túnel, ele, Chico Anysio. Ao colocar o pé naquele lugar viu uma enorme fila encabeçada por Painho que com ramo de flores brancas nas mãos arremessou as pétalas sobre ele dando as boas vindas. Ainda confuso Chico começou a cumprimentar um a um da fila, Bozó, Alberto Roberto, Azambuja e muitos outros. Lá quase no fim Justo Veríssimo balançava-se na rede. Chico parou sem entender nada e antes de perguntar ouviu a explicação:
- Aqui não tem pobre nem rico, não tem corrupto e muito menos dinheiro. Estou aposentado!
O mestre sorriu e continuou. Logo deparou-se com Salomé de Passo Fundo:
- Mas guri tu demoraste muito. Estava esperando o Vasco ser campeão, é?! Agora aproveita e descansa que aqui não tem político, logo não tem matéria prima para piada.
Novamente Chico sorriu e seguiu. Chegou ao fim da fila quando de braços abertos o Profeta lhe recebeu dizendo:
- Num verdadeiro guerreiro não sucumbi, apenas muda de estado físico.
Chico perguntou:
- Mas será que valeu a pena? Será que fiz sempre tudo certinho?
O  Profeta olhou bem no fundo de seus olhos e respondeu:
- Escute o silêncio do teu coração  e sinta se nele palpita a paz.
Imediatamente um enorme som de palmas e risos tomou o ambiente, Chico olha a suia volta e percebe que aquilo não vinha dali e sim de um lugar distante onde pessoas de todas as idades se desligavam das agruras da vida e apenas riam de suas heranças.
Chico sentou-se, olhou para o alto e apenas agradeceu.
É, valeu Chico Anysio!

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