Para comemorar a data, sua trajetória está em
exposição na ‘Ocupação Angel Vianna’
que acontece no Paço Imperial no Rio de Janeiro. Um lugar especial que acolhe
de maneira muito poética, interessante e cheia de significado a carreira e a vida
desta mulher e profissional que traz ao Brasil um enorme orgulho.
Muito jovem sempre atenta e curiosa, sentiu
vontade de conhecer os movimentos do corpo. Desde então, nunca mais parou. Sua formação é clássica, estreando no ballet
de Minas Gerais tendo como primeiro mestre Carlos Leite. Além do ballet seu
interesse buscou outros olhares, sem, no entanto, deixar a paixão pela dança. Estudou piano, desenho e escultura na Escola
de Belas Artes. Virou escultora e as técnicas que aprendera aperfeiçoaram sua particular
forma de dançar e posteriormente ensinar. Casou-se com klauss Vianna, também
bailarino e coreógrafo. Deu saltos mais ousados ao seu lado, e com ele desenvolveu
suas pesquisas sobre corpo e movimento. Juntos levaram para a dança o
conhecimento científico do corpo. Tiveram um único filho Rainer Vianna
(1958-1995), que também se dedicou a dança.
Nascida em Belo Horizonte, criou a Escola
Klauss Vianna nesta cidade, que permaneceu em atividade entre 1959 e 1963,
local em que diversificou suas funções na companhia: deu aulas, dançou,
coreografou, executou tarefas administrativas e criou figurinos, destacando-se
como solista na obra ‘Neblina de Ouro’ de seu marido coreógrafo. Depois dessa
experiência seguiu para Curitiba e participou do I Encontro de Escolas de Dança
do Brasil, organizado por Paschoal Carlos Magno. De lá seguiram para uma
temporada em Salvador, onde foram muito atuantes, especialmente ministrando aulas
na pioneira Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, onde também foi bailarina
no Grupo Juventude Dança, dirigido por Rolf Gelewski, ligado à mesma
instituição de ensino.
Inquieta e sempre na busca de conhecimentos
e desafios, Angel Vianna, decide vir e se estabelecer no Rio de Janeiro. Aqui
criou raízes e discípulos. Em 1975, fundou o Centro de Pesquisa Corporal Arte e
Educação, que oferecia cursos livres e foi o berço da ‘expressão corporal’ da
época.
Seu nome também está escrito no teatro.
Convidada pelo diretor Luiz Carlos Maciel assinou a coreografia da peça ‘As
Relações Naturais’ baseada em texto escrito por Qorpo Santo datada de 1866.
Seguiu descobrindo e criando métodos até então desconhecidos. Organizou os
grupos; ‘Brincadeiras’ em 1975 e o ‘Teatro do Movimento’ entre 1976 e 1978,
precursores da dança contemporânea do Rio de Janeiro. Em sete décadas de pesquisa, Angel levou seus alunos a
descobrir e utilizar como metodologia de estudo: bolas de tênis, meias-calças,
bambus, bancos de madeira e plástico, escovas, tecidos, ossos, balões de ar e
inúmeros outros que eram trazidos para suas aulas. Elementos do cotidiano
faziam a interface do corpo com o espaço e o tempo, servindo de aproximação ao
corpo do outro. Um trabalho detalhista, individualizado, para tornar melhor e
mais apropriado o coletivo.
O ano era 1983 inicia-se outro
desafio. Cria o Centro de Estudos do
Movimento e artes – Espaço Novo, posteriormente rebatizado de Escola Angel
Vianna. Por lá passaram artistas e terapeutas corporais que trouxeram a dança
contemporânea para outros palcos: a área da saúde, como nos hospitais da rede
Sarah Kubitschek.
Deixa também sua marca como diretora em
espetáculos como: ‘O que Eu Mais Gosto é de Gente’ e ‘Os Ossos Pensam’, nos
quais coreografa e dança em apresentações coreografadas por outros artistas. Como
bailarina sua atuação ainda pode ser apreciada nos filmes Em Três Atos (2015),
Figuras da Dança – Angel Vianna (2010) e Movimentos do Invisível (2018).
Reconhecer tantos fazeres e o indescritível
talento de Angel Vianna é quase uma obrigação. Mais que nunca é preciso
reverenciar quem traz no coração e na alma a arte e a técnica, especialmente
ressaltando as cores de seu país, e o fazendo reconhecido. Angel faz com
excelência, talento, competência, esforço, dignidade e generosidade essa
história. Ela é, sem dúvida, um divisor de águas na dança brasileira.
Por Rogéria Gomes
SERVIÇO
Ocupação Angel Vianna
De 9 de maio (quinta-feira)
a 14 de julho (domingo)
Visitação: De terça-feira a domingo,
das 12h às 19h.
Classificação indicativa
Livre
Piso Térreo
Entrada gratuita
Acesso para pessoas com
deficiência / Ar condicionado
Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48
Fones: 21. 2215-2093
Comentários
Postar um comentário