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Ignição

A partir do dia 3 de março, a Galeria Ateliê, em Santa Teresa recebe a exposição Ignição. Individual do artista plástico e músico Dado Oliveira, que   reúne  20 trabalhos inéditos,  desenhos em carvão e obras obtidas a partir da queima de artefatos pirotécnicos e pavio, em grandes telas de compensado naval. Tirando partido de algumas propriedades físicas da pólvora, como a velocidade e o calor, Dado transporta essas propriedades para o movimento do corpo e aplica uma concentração de energia no seu contato com a superfície. Em alguns momentos utiliza da própria queima para compor manchas nas telas. O resultado é uma grafia expressiva, de desenhos vigorosos, rápidos, com linhas fortes, levando ao espectador a sensação de energia e êxtase presentes no seu processo de criação.Os estudos começaram tarde, há oito anos, para o artista de 38 anos. Antes de chegar á pirotecnia, os desenhos com carvão em grandes formatos já lhe interessavam, por exigirem movimentos corporais maiores, mais alongados e soltos. Do aumento dessa atividade corporal para realizar os desenhos, com a devida concentração prévia e a seguida aplicação imediata, quase instantânea, surgiu a ideia do manuseio da pólvora, material que reage com as características de rapidez e liberando grande quantidade de calor.  Junto a isso, as notícias sobre os bombardeios na Síria, ataques terroristas e guerras civis – incluindo os confrontos bélicos cariocas entre policiais, traficantes – o influenciaram decisivamente, levando-o à pesquisa sobre armas, tecnologia, química, física e…pólvora.

“Querendo ou não, absorvi. Identifiquei esse contágio e me neguei a ser complacente. Precisei ficar atento pra saber o que fazer com aquele sentimento cancerígeno. Então pensei: vou fazer com o ódio o que o Instituto Butantan faz com o veneno das cobras. Ou seja, transformar algo que pode ser letal em um antídoto”, explica o artista.

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