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Je suis plus que Charlie

Por Amanda Pieranti

Virar o calendário quando se chega ao último dia do ano enche os corações da maioria de esperança por dias melhores se julgam, virão. E naquela euforia nem nos damos conta de que a cada passada do tempo as coisas têm ficado mais complicadas. Longe de mim o tom pessimista. Mas sejamos realistas. Há muito que mudar. No coração e na alma humana.
Ano novo, vida nova? Onde? Já no final de 2014 de quantas tragédias tomamos conhecimento? Enchentes, assassinatos, crimes bárbaros que não poupam nem o período de festividades. Mas como diz um conhecido meu: “Bandido tem o coração no pé.” Ou seja, não tem compaixão.
Ontem, a notícia do atentado em Paris, na França, quando 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas no ataque à redação do semanário de humor Charlie Hebdo, conhecido mundialmente pelas sátiras que faz de religiões, políticos, corrupções e aos costumes, talvez tenha feito a ficha de muitos cair. Mais que respeito à liberdade, às diferenças e de imprensa, é preciso o respeito à vida. Como assim, se acaba com uma vida cheia de futuro e expectativas para o novo ano que está começando?
Quantas famílias enlutadas, meu Deus! Quantas mães enterrando filhos, contrariando a lei natural da vida! A comoção vai durar algum tempo, mas depois só os familiares vão ter de conviver com a dor mais difícil: a da falta do ente querido. A saudade só vai bater no peito daquele que perdeu.
Queria muito ser otimista. Queria muito escrever aqui sobre flores, coisas fofas e esperançosas. Mas 2015 não começa bem assim como os anos que se passaram. Enquanto a mentalidade humana não mudar, enquanto realmente não houver mais amor e solidariedade, vamos vivendo em um mundo do salve-se quem
Deus nos proteja, nos guarde tanto da violência cotidiana que presenciamos (e até já fomos vítimas) no nosso Brasil quanto da violência silenciosa, imposta pelo terrorismo que não se sabe quando explode, pois enquanto eu termino este artigo, algo abominável pode estar acontecendo. Que eu ainda viva para ver a humanidade melhor, pois o grito de revolta, a sensação de barbárie não pode ecoar eternamente. Je suis plus que Charlie! Je suis humanité! Je suis pour la liberté! Je suis pour la vie!

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